"A Palavra é do Tempo, o Silêncio da Eternidade"

25 de maio de 2011

Fala-me de Deus (Miguel Estradé)


Disse à amendoeira: Fala-me de Deus!
E a amendoeira floriu.

Disse ao pobre: Fala-me de Deus!
E o pobre ofereceu-me a sua casa.

Disse à casa: Fala-me de Deus!
E abriu-se a porta.

Disse à natureza: Fala-me de Deus!
E a natureza cobriu-se de formosura.

Disse ao amigo: Fala-me de Deus!
E o amigo ensinou-me a amar.

Disse ao rouxinol: Fala-me de Deus!
E o reouxinol pôs-se a cantar.

Disse a um guerreiro: Fala-me de Deus!
E o guerrreiro depôs as armas.

Disse à fonte: Fala-me de Deus!
E a água brotou.

Disse à minha mãe: Fala-me de Deus!
E a minha mãe deu-me um beijo na fronte.

Disse à mão: Fala-me de Deus!
E a mão coverteu-se em serviço.

Disse ao inimigo: Fala-me de Deus!
E o inimigo estendeu-me a mão.

Disse a Jesus: Fala-me de Deus!
E Jesus ensinou-me o "Pai Nosso"

Disse temeroso ao sol poente: Fala-me de Deus!
E o sol ocultou-se sem nada dizer.

Mas, no dia seguinte, ao amanhecer,
quando abri a janela
ele voltou a sorrir-me.   

***
(Miguel Estradé)