"A Palavra é do Tempo, o Silêncio da Eternidade"

20 de setembro de 2012

Ninguém nem nada (José Luis Martín Descalzo)


 
Ninguém esteve mais só do que as tuas mãos
perdidas entre o ferro e a madeira;
mas quando o Pão se converteu em fogueira
ninguém esteve mais pleno do qua as tuas mãos.
 
Ninguém esteve mais morto do que as tuas mãos
quando, chorando, as beijou Maria;
mas quando o vinho ensanguentado ardia
nada esteve mais vivo do que as tuas mãos.
 
Nada esteve mais cego do que os meus olhos
quando julguei o meu coração perdido
num amplo deserto sem irmãos.
Ninguém estava mais cego do que os meus olhos.
Gritei, Senhor, porque tinhas partido.
E Tu estavas pulsando entre as minhas mãos.  
 
(José Luis Martín Descalzo)