Semana Missionária no Concelho de Mondim de Basto
Participei
na semana de animação missionária no Concelho de Mondim de Basto, diocese de
Vila Real, entre os dias 18 e 26 de maio. Foi um tempo de sentir, noutras
paragens, a missão a acontecer. Fiz equipa com a Joana Veloso, missionária
secular comboniana. Ficámos alojados, juntamente com outra equipa, na casa
familiar do pároco de Mondim de Basto, o P. Manuel Machado, na localidade de
Travassos. Os outros quatro missionários ficaram em famílias em Mondim. Dali,
percorremos diariamente, ida e volta, o caminho entre montanhas e vales com
estradas estreitas, mas numa paisagem fabulosa da primavera, ao encontro dos
povos das paróquias de Campanhó, Pardelhas e Ermelo, com as respetivas anexas,
entre elas: Tejão, Paço, Fervença, Barreiro e Varzigueto, localidades situadas
já no extremo sul do concelho. De uma a outra paróquia levámos cerca de uma hora.
Estas
paróquias e capelas eram da responsabilidade do P. Américo Carvalho, falecido em
fevereiro passado. Todos falaram e recordaram dele com muita saudade como um
bom pastor. Agora as mesmas estão entregues ao cuidado do pároco de Mondim. Este,
já com um número considerado de paróquias ao seu cuidado, mais aquelas e ainda
outras responsabilidades a nível diocesano, certamente que nem todas em que
estivemos têm eucaristia regularmente. Recorde-se que, de momento, no concelho,
existem apenas dois sacerdotes. Por isso, encontrámos um povo muito acolhedor,
participativo, cheio de fé e muito esperançado de ter de novo um pastor
residente. “Não quer ficar connosco aqui?”, a pergunta repetida vezes sem
conta. Sentimo-nos em casa!
Naqueles
dias passados impressionou-me o facto de muitos homens a participarem nos atos
litúrgicos. As crianças e os jovens, que são muito poucos em cada localidade,
têm que ir à escola a Mondim. Mesmo assim, ao fim do dia, quando chegaram da
escola, foram diretamente à Igreja a participar na celebração, muitas vezes já
foi ao meio, e depois ainda tivemos encontro com eles. O povo canta afinado nas
missas e nas orações, mesmo nos meios muito pequenos, onde a capela é de
tamanho duma sala familiar e a maior parte deles já de idade avançada. São muito
desejosos de se abeirar ao sacramento da reconciliação, onde não houve mãos a
medir. Escutámos muitas histórias de vida e de fé nas visitas aos doentes e aos
idosos e nas conversas pelas ruas, o que nos confortou interiormente. “Nem
imaginem a alegria que sinto a conversar convosco”; “que surpresa que me
fizeram”, foram algumas das palavras que nos dirigiram, fruto do pequeno tempo,
disponibilidade e escuta que podíamos dar.
Viram-se
a olhos nus os sinais de abandono e de desertificação. Muitas casas vazias porque
viram partir os seus habitantes para outras bandas a procura de uma vida
melhor. Mas viram-se também casas bem arranjadas, a maior parte delas de pedra
de granito e xisto, fruto do trabalho desta emigração. Aqueles que ficam
ocupam-se de agricultura, de gado, de rebanho e de outros animais domésticos. Por
estas terras, convivem-se a natureza e os seus habitantes. Aqui, trabalha-se
muito e duro. E, graças a Deus, neste sentido e nos tempos que correm, ninguém
passa mal de alimento corporal.
No
Ano da Fé e dentro do mês de Maria, procurámos incutir nas pessoas a
sensibilidade para a missão, a abertura à universalidade da Igreja, o encontro
do outro… como o tema desta semana missionária apontou: “Feliz de ti porque
acreditaste – A fé só se tem quando se dá”. A semana culminou com a subida ao
monte da Senhora da Graça em peregrinação das paróquias de Baixo Tâmega e a
celebração da eucaristia em torno do Ano da Fé. Obrigado pelo acolhimento e
partilha.
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