"A Palavra é do Tempo, o Silêncio da Eternidade"

28 de maio de 2013

Semana Missionária no Concelho de Mondim de Basto


 
Participei na semana de animação missionária no Concelho de Mondim de Basto, diocese de Vila Real, entre os dias 18 e 26 de maio. Foi um tempo de sentir, noutras paragens, a missão a acontecer. Fiz equipa com a Joana Veloso, missionária secular comboniana. Ficámos alojados, juntamente com outra equipa, na casa familiar do pároco de Mondim de Basto, o P. Manuel Machado, na localidade de Travassos. Os outros quatro missionários ficaram em famílias em Mondim. Dali, percorremos diariamente, ida e volta, o caminho entre montanhas e vales com estradas estreitas, mas numa paisagem fabulosa da primavera, ao encontro dos povos das paróquias de Campanhó, Pardelhas e Ermelo, com as respetivas anexas, entre elas: Tejão, Paço, Fervença, Barreiro e Varzigueto, localidades situadas já no extremo sul do concelho. De uma a outra paróquia levámos cerca de uma hora.  
Estas paróquias e capelas eram da responsabilidade do P. Américo Carvalho, falecido em fevereiro passado. Todos falaram e recordaram dele com muita saudade como um bom pastor. Agora as mesmas estão entregues ao cuidado do pároco de Mondim. Este, já com um número considerado de paróquias ao seu cuidado, mais aquelas e ainda outras responsabilidades a nível diocesano, certamente que nem todas em que estivemos têm eucaristia regularmente. Recorde-se que, de momento, no concelho, existem apenas dois sacerdotes. Por isso, encontrámos um povo muito acolhedor, participativo, cheio de fé e muito esperançado de ter de novo um pastor residente. “Não quer ficar connosco aqui?”, a pergunta repetida vezes sem conta. Sentimo-nos em casa!
Naqueles dias passados impressionou-me o facto de muitos homens a participarem nos atos litúrgicos. As crianças e os jovens, que são muito poucos em cada localidade, têm que ir à escola a Mondim. Mesmo assim, ao fim do dia, quando chegaram da escola, foram diretamente à Igreja a participar na celebração, muitas vezes já foi ao meio, e depois ainda tivemos encontro com eles. O povo canta afinado nas missas e nas orações, mesmo nos meios muito pequenos, onde a capela é de tamanho duma sala familiar e a maior parte deles já de idade avançada. São muito desejosos de se abeirar ao sacramento da reconciliação, onde não houve mãos a medir. Escutámos muitas histórias de vida e de fé nas visitas aos doentes e aos idosos e nas conversas pelas ruas, o que nos confortou interiormente. “Nem imaginem a alegria que sinto a conversar convosco”; “que surpresa que me fizeram”, foram algumas das palavras que nos dirigiram, fruto do pequeno tempo, disponibilidade e escuta que podíamos dar.   
Viram-se a olhos nus os sinais de abandono e de desertificação. Muitas casas vazias porque viram partir os seus habitantes para outras bandas a procura de uma vida melhor. Mas viram-se também casas bem arranjadas, a maior parte delas de pedra de granito e xisto, fruto do trabalho desta emigração. Aqueles que ficam ocupam-se de agricultura, de gado, de rebanho e de outros animais domésticos. Por estas terras, convivem-se a natureza e os seus habitantes. Aqui, trabalha-se muito e duro. E, graças a Deus, neste sentido e nos tempos que correm, ninguém passa mal de alimento corporal.
No Ano da Fé e dentro do mês de Maria, procurámos incutir nas pessoas a sensibilidade para a missão, a abertura à universalidade da Igreja, o encontro do outro… como o tema desta semana missionária apontou: “Feliz de ti porque acreditaste – A fé só se tem quando se dá”. A semana culminou com a subida ao monte da Senhora da Graça em peregrinação das paróquias de Baixo Tâmega e a celebração da eucaristia em torno do Ano da Fé. Obrigado pelo acolhimento e partilha.