"A Palavra é do Tempo, o Silêncio da Eternidade"

29 de dezembro de 2011

e a violência persiste


No seu discurso na Basílica Santa Maria dos Anjos em Assis, por ocasião da comemoração dos 25 anos da jornada de oração pela paz, o Papa Bento XVI referiu o motivo pelo qual o Beato Papa João Paulo II convidou, pela primeira vez, os representantes das religiões do mundo para o dito evento, em 27 de Outubro de 1986.

E perguntou: «Mas, que aconteceu depois? Infelizmente, não podemos dizer que desde então a situação se caracterize por liberdade e paz. Embora a ameaça da grande guerra não se aviste no horizonte, todavia o mundo está, infelizmente, cheio de discórdias. E não é somente o facto de haver, em vários lugares, guerras que se reacendem repetidamente; a violência como tal está potencialmente sempre presente e caracteriza a condição do nosso mundo.»

Estão patentes nestas palavras do Papa o que continuamos a presenciar: a violência persiste, o que contrasta o desiderato de Assis. A violência em escala local e global continuam a acontecer, desde o terrorismo ao ódio à religião, desde os ataques aos lugares de culto às leis que discriminam à liberdade religiosa. Podemos ainda aumentar esta litania dos acontecimentos violentos e mortíferos que, infelizmente, parece sem fim à vista. 

E, muito mais grave ainda, estes terrores acontecem, muitas das vezes, usando a religião como seu veículo privilegiado e tem como alvo os fiéis de determinada religião. Mas não é raro acontecer que as vítimas sejam pessoas inocentes. 

Isto mostra bem que o nosso mundo ainda não está totalmente livre do espírito da violência e do ódio. Existem ainda homens e mulheres, nossos irmãos, que, por determinado ponto de vista, continuam a recorrer à violência justificando a sua acção como necessária.    

Conscientes destes graves problemas, os responsáveis religiosos, bem como os fiéis de todas as religiões continuam a ter um papel determinante e peremptório na construção de um mundo cada vez mais fraterno e humano.

Bento XVI afirmou ainda naquele discurso: «A liberdade é um grande bem. Mas o mundo da liberdade revelou-se, em grande medida, sem orientação, e não poucos entendem, erradamente, a liberdade também como liberdade para a violência. A discórdia assume novas e assustadoras fisionomias e a luta pela paz deve-nos estimular a todos de um modo novo.»

Muito já se fez através do diálogo. No entanto, nunca é demais continuar a insistir no caminho que leva à paz e à concórdia. Neste sentido, os eventos como é o de Assis, continuam ser decisivos em fomentar a harmonia de viver entre os responsáveis das religiões e, por sua vez, entre os fiéis de diferentes religiões.


In «SVD Ao Encontro» Nº 65 Outubro-Novembro-Dezembro 2011, p. 5.