Eternidade=Eterna Idade
"A Palavra é do Tempo, o Silêncio da Eternidade"
O Sábado em hebraico diz-se sabbat, que quer dizer “descanso”. Este constitui um dos elementos fundamentais da tradição judaica. O Sábado é o sétimo dia que é o dia de descanso. Este dia recorda dois grandes momentos da história do povo judaico, são eles: o descanso de Jahvé depois de terminar a sua obra da salvação (Êx 20, 8-11; cf. Gén 2, 2) e a libertação do povo de Israel da escravidão do Egipto (Dt 5, 12-15). De acordo com a tradição judaica, a ordem de um dia de descanso foi ordenado por Deus e institui um dos mandamentos do Decálogo.
Por isso, o Sábado, para alguns, constitui o mandamento mais característico do judaísmo em que se refere unicamente a Deus e ao povo de Israel, atendendo o que se diz no livro do Êxodo: “Portanto, os filhos de Israel guardarão o sábado, através de todas as suas gerações, como uma aliança perpétua. Entre mim e os filhos de Israel é um sinal externo de que o Senhor fez os céus e a Terra em seis dias, e que no sétimo dia terminou a obra e descansou” (Êx 31, 16-17). Jahvé falou aos filhos de Israel por meio de Moisés para que estes guardassem o sábado, porque este é o sinal perpétuo estabelecido entre Deus e o seu Povo, de geração em geração. E, por isso, o sábado para este povo é uma coisa santa (cf. Êx 31, 12-14).
O Sábado é o ponto culminante do ciclo semanal. A caminhada diária atinge o seu auge no sétimo dia. Este dia como que coroa a semana judaica. Na tradição judaica o dia começa com o pôr-do-sol e termina, igualmente, com o pôr-do-sol do dia seguinte. Assim, o sábado inicia-se na véspera, ou seja, ao pôr-do-sol da sexta-feira e termina ao anoitecer do sábado.
A observância do Sábado foi estabelecida pelo próprio Deus, por isso o Sábado também é o dia santo para os judeus. Durante este período de tempo nota-se o ambiente festivo e litúrgico nas casas e nas sinagogas além do descanso exigido neste dia. Há gestos e actos litúrgicos próprios para celebrar este dia no círculo familiar e sinagogal.
O mais notável da noção do Sábado, dia de descanso e dia santo, como dá a entender, verifica-se na abstenção de todo o tipo de actividade e de trabalho. Existem determinadas leis a observar neste dia. A ausência da acção laboral, no fundo, tem como objectivo a santificação deste dia santo, ou seja, a evitar a sua profanação, descansando como Deus descansou ao sétimo dia. Há seis dias para trabalhar e o sétimo é oferecido exclusivamente ao Senhor. O Sábado é, por assim dizer, o dia de descanso total das actividades não litúrgicas. Os Fariseus, isto é, o grupo judaico responsável pela observância da Lei, levavam a sério a prática do Sábado, até ao último pormenor.
Jesus também guarda o Sábado mas relativiza-o (Mc 1, 21; Lc 4, 16). Assim, Jesus desafia a dureza da visão sabática dos escribas e fariseus (Mt 12, 12; Mc 3, 2-5; Lc 13, 10-16; 14, 1-6; Jo 5, 8ss; 9, 14). Ele próprio proclama-se Senhor do sábado, apresentando uma visão renovada e transformada do mesmo e colocando-o ao serviço da pessoa humana em vez da mera observância da lei (cf. Mc 2, 27ss). O cristianismo desde a sua origem tem imitado a prática do descanso sabático dos judeus mas passando-o para o Domingo: o primeiro dia da semana, o dia do Senhor, isto é, o dia da ressurreição de Jesus. Deste modo, os cristãos desejam diferenciar-se da sinagoga, seguindo a tal visão de Jesus acerca do Sábado, e assinalar o Domingo como dia santo e, de certa maneira, o seu dia de descanso.
Feliciano
In: SVD Ao Encontro, Ano XV, Nº 47 Abril-Maio-Junho 2007