"A Palavra é do Tempo, o Silêncio da Eternidade"

29 de fevereiro de 2008

Apresentação da Dissertação

APRESENTAÇÃO

(Este foi o texto apresentado na defesa da dissertação. Júri: Prof. Doutor José Eduardo Borges de Pinho, Prof. Doutor José Nunes, Doutora Isabel Varanda)

"Diálogo inter-religioso e a missão da Igreja. Interpelação à vida da Igreja na Indonésia"

Felicianus Sila


A situação actual, mundial e eclesial, demonstra de um modo especial a necessidade e a urgência da prática do diálogo. A realidade da Indonésia, por sua vez, apresenta uma pluralidade notável em quase todos os níveis. O diálogo inter-religioso torna-se fundamental muito mais ainda para a Igreja que vive no meio de diversas tradições religiosas. Daí os objectivos deste trabalho, a saber, a vontade de aprofundar e de dar a conhecer a realidade da Igreja na Indonésia, apresentando a situação socioreligiosa desta mesma sociedade e mostrar, particularmente, a importância do diálogo inter-religioso como parte integrante da missão da Igreja nesta sociedade, interpelando a mesma Igreja através de realidades específicas e concretas. Mais ainda, parece necessário abordar o tema do diálogo inter-religioso como dimensão intrínseca e tarefa fundamental da Igreja à luz dos documentos conciliares e de outros documentos do Magistério. Assim a formulação do tema deste trabalho: “O Diálogo inter-religioso e a missão da Igreja. Interpelação à vida da Igreja na Indonésia”.

O tema do diálogo inter-religioso, certamente, abre um vasto campo de estudo. Por isso este trabalho limita-se a abordar a questão do diálogo inter-religioso no contexto missionário da Igreja na Indonésia, embora sejam visíveis referências ao seu enquadramento universal, no entanto sem grandes aprofundamentos. Os documentos conciliares e magisteriais estudados foram também aqueles, ao nosso ver, mais representativos deste tema.


Este trabalho apresenta um esquema tripartido, no qual num primeiro momento se apresenta a realidade histórico-fenomenológica da sociedade indonésia. Segue-se um enquadramento eclesial fundamentado a partir das orientações do Concílio Vaticano II, tendo em vista o posterior desenvolvimento do tema do diálogo inter-religioso. E, finalmente, as questões actuais que merecem uma especial atenção, ou seja, a aplicação do mesmo diálogo em questões socioreligiosas actuais. Assim sendo, o primeiro capítulo apresenta a situação socioreligiosa na Indonésia, mais de ordem histórica, a situar a presença das religiões na Indonésia e os elementos que tecem o contexto socioreligioso actual. O segundo capítulo debruça-se sobre a visão católica do diálogo inter-religioso e o seu papel na missão evangelizadora da Igreja à luz dos documentos conciliares e de outros documentos do Magistério. No último capítulo apresentam-se realidades e desafios socioreligiosos específicos do diálogo inter-religioso na Indonésia. Verifica-se, ainda, a actualidade do mesmo diálogo na missão da Igreja.


A posição estratégica da Indonésia na via marítima fez com que este arquipélago se tornasse num verdadeiro lugar de encontro de diversas culturas e religiões. Daí resultou uma rica e complexa civilização. A pluralidade, entre elas a pluralidade religiosa, é parte integrante desta sociedade já desde a sua formação, permanecendo até aos dias de hoje. Foi principalmente por esta razão que a liberdade religiosa de cada cidadão vigora na Constituição. Realmente, os fundadores da nação, os nacionalistas indonésios e os representantes das diversas religiões puseram-se de acordo em cinco princípios da nação, conhecidos como Pancasila, destinados a reger esta sociedade plural. A Constituição determina o monoteísmo, sendo que o povo venera o seu Deus de acordo com a sua própria religião. O primeiro destes cinco princípios de que falávamos é precisamente a fé monoteísta. Isto demonstra o lugar fundamental da religião na sociedade pelo que não se pode falar do laicismo na Indonésia. As recentes mudanças de índole política, económica, social e religiosa põem em questão esta pluralidade. As notícias que têm vindo a chegar do país deram conta da existência de tentativas patrocinadas por movimentos fundamentalistas islâmicos de colocar leis islâmicas em vigor para toda a sociedade.


O Concílio Vaticano II foi determinante ao traçar um caminho renovado para o diálogo com as religiões não cristãs. A Declaração Nostra aetate e já antes a encíclica Ecclesiam suam apontaram o diálogo como caminho necessário a percorrer na aproximação da Igreja para com as outras religiões não cristãs. Esta mesma ideia do diálogo ligada à missão da Igreja está presente de uma ou de outra forma noutros documentos conciliares como sejam: a Constituição Dogmática Lumen gentium; a Constituição Pastoral Gaudium et spes; o Decreto Ad gentes, entre outros.


Os documentos pós-conciliares retomam e desenvolvem esta reflexão da Igreja sobre o diálogo inter-religioso. Os documentos “Diálogo e Missão” e “Diálogo e Anúncio” são de uma profundidade notável. Apresentam-se neles reflexões acerca do diálogo inter-religioso em relação com a missão e o anúncio a partir de experiências obtidas ao longo dos tempos na prática do diálogo da Igreja com as outras religiões.


Baseado nestes documentos eclesiais traçam-se os elementos de fundamentação teológica do diálogo inter-religioso. Estes são: mistério da unidade da família humana na sua origem e no seu fim último; unicidade e universalidade do mistério salvífico de Jesus Cristo; presença e acção universal do Espírito Santo e universalidade do Reino de Deus. Uma reflexão cada vez mais aprofundada e uma abertura maior às manifestações de Deus na história da humanidade levam a Igreja a um verdadeiro e autêntico diálogo baseado unicamente no amor, o amor a Deus e ao próximo. Os mistérios da encarnação, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo são basilares para a fé cristã e, ao mesmo tempo, para o diálogo com as outras religiões.


A experiência imediata de pluralidade e de convivência inter-religiosa vividas a partir de dentro pelos cristãos e pela Igreja da Indonésia marcam o diálogo, sobretudo no testemunho autêntico da sua fé através de exemplos concretos vividos quotidianamente. Por isso o diálogo de vida e de colaboração são tão importantes quanto ao diálogo doutrinal. Numa sociedade como esta, aquelas formas de diálogo são necessárias, pois levam a um conhecimento mútuo e um enriquecimento recíproco. O diálogo com os irmãos de outras religiões torna-se, por isso, o modo de estar e de ser da Igreja na Indonésia e tarefa quotidiana e profética de cada cristão. A liberdade religiosa, o fundamentalismo religioso e os conflitos étnico-religiosos constituem igualmente desafios para o diálogo.


Conjugando todas estas dinâmicas resolvemos então apresentar o nosso trabalho, apesar das dificuldades. Realmente a língua apresenta-se como uma grande limitação quer ao nível da expressão, quer ao nível de um aprofundamento temático mais rigoroso. O próprio tema é muito delicado exigindo muita atenção, mais ainda porque não somos competentes nesta matéria. A outra dificuldade prende-se com a bibliografia: por um lado, existem diversos estudos sobre o tema do diálogo inter-religioso, requerendo o nosso critério de selecção, sendo que as nossas opções talvez não foram as mais apropriadas; por outro lado existem fontes a que não conseguimos ter acesso. Assim, por outro lado, sentimo-nos limitados com o estudo sobre o diálogo inter-religioso e sobre a missão da Igreja na Indonésia. Por outro, conseguimos obter alguns estudos através das páginas de internet. Conseguimos ter também em mãos algumas obras do país das quais algumas serviram mas outros não tratam propriamente do nosso tema.


Concluindo, o diálogo inter-religioso é de extrema importância para a missão da Igreja. A Igreja é constantemente interpelada a responder, cada vez com mais eficácia, às exigências da convivência num universo plural. Há muito que caminhar neste diálogo. Os desafios não faltam para um diálogo intenso e autêntico. Mais uma vez, é evidente que este trabalho não representa uma análise da realidade social e religiosa da Indonésia na sua totalidade, nem descreve ao pormenor a missão da Igreja neste país no que concerne ao diálogo inter-religioso. Fica este modesto contributo para uma melhor percepção das realidades socioculturais e socioreligosas da Indonésia e sobre a importância do diálogo inter-religioso na missão da Igreja neste país.

Resumo da Dissertação

Esta dissertação foi defendida com sucesso (hoje, 29 de Fevereiro) para obter o grau de Mestrado na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. O Júri foi constituido por: Prof. Doutor José Eduardo Borges de Pinho (Orientador, FT-UCP Lisboa), Prof. Doutor José Nunes (FT-UCP Lisboa e Doutora Isabel Varanda (FT-UCP Braga)

“O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO E A MISSÃO DA IGREJA.
INTERPELAÇÃO À VIDA DA IGREJA NA INDONÉSIA”
Felicianus Sila

A situação actual, mundial e eclesial, demonstra de um modo especial a necessidade e a urgência da prática do diálogo. A realidade da Indonésia, por sua vez, apresenta uma pluralidade notável em quase todos os níveis. O diálogo inter-religioso torna-se fundamental muito mais ainda para a Igreja que vive no meio de diversas tradições religiosas.

Este trabalho está dividido em três capítulos. O primeiro capítulo aborda a situação socioreligiosa na Indonésia. Numa abordagem mais de ordem histórica procura-se situar a presença das religiões na Indonésia. A posição estratégica da Indonésia na via marítima fez com que este arquipélago se tornasse num verdadeiro lugar de encontro de diversas culturas e religiões. Daí resultou uma rica e complexa civilização. O hinduísmo e o budismo trazidos da Índia vigoraram na Indonésia nos séculos VI e VII. No final do século XIII as populações, sobretudo as cidades costeiras, começaram a abraçar o islamismo. Nesta época, os comerciantes muçulmanos de Gujarate e Bengala, na Índia, dominavam as vias comerciais, o que sucedeu também com os árabes e os persas. O catolicismo chegou com os portugueses no século XVI. O contacto entre os portugueses e as populações locais deu-se após a tomada de Malaca em 1511 e na consequência da busca das Molucas, a Ilha de Especiarias. Com os comerciantes e os militares chegaram também os missionários para a missão evangelizadora. Os missionários franciscanos, dominicanos e jesuítas foram os pioneiros da missionação na Indonésia. No início do século XVII os holandeses sucederam os portugueses. Deu-se a missão protestante na Indonésia. Em 1942 as tropas japonesas chegaram à Indonésia na procura de matérias-primas e de posições estratégicas, tomando conta da administração do país, em consequência do colapso dos holandeses. A presença japonesa nada se repercutiu no que toca à questão da influência religiosa.

No dia 17 de Agosto de 1945 foi proclamada a independência da Indonésia e, um dia depois, foi promulgada a Constituição da nação. Esta Constituição é importantíssima porque nela se encontram os princípios fundamentais da nação conhecidos como Pancasila e nela se assegura a liberdade religiosa a cada cidadão. Pancasila são cinco princípios ou pilares da nação. Estes são: o monoteísmo; a humanidade; a unidade; a democracia e a justiça social. Pancasila é um elemento referencial para todos os sectores da vida da sociedade. A Constituição deliberou que o país é monoteísta e o povo venera o seu Deus de acordo com a sua própria religião. A maioria indonésia é muçulmana, representando o maior país muçulmano do mundo. No entanto, ela não se trata de um Estado islâmico nem está baseado numa religião. Mas é o Estado Pancasila com índole republicana, onde a democracia é fundamentada nos princípios da Pancasila. A diversidade, pois, é elemento constitutivo da sociedade e a unidade é um desafio constante. Daí o lema nacional: Bhinneka Tunggal Ika, isto é, unidade na diversidade.

Nos últimos anos a sociedade entrou numa profunda mudança. Isto sucedeu, fundamentalmente, com o afastamento do Presidente Suharto com o seu regime de Nova Ordem em Maio de 1998. Sob o poder da Nova Ordem verificou-se um notável desenvolvimento. No entanto, notou-se também o desrespeito pela democracia e pelos direitos humanos. A Ordem de Reforma, como ruptura com a Ordem anterior, pretendeu uma transformação total da sociedade. Surgiram sinais positivos, entre eles luta contra a exclusão social, luta pela justiça e paz, defesa dos direitos humanos e liberdade de expressão. Contudo prolongaram-se as crises económica e política; surgiram conflitos étnicos e, por vezes, religiosos.
O segundo capítulo debruça-se sobre a visão católica do diálogo inter-religioso à luz dos documentos conciliares e de outros documentos do Magistério. Particularmente o Concílio Vaticano II foi determinante ao traçar um caminho renovado para o diálogo com as religiões não cristãs. A Declaração Nostra aetate é sinal disso mesmo, reconhecendo-se nela os valores fundamentais existentes noutras religiões e, valorizando-se o que nelas é “verdadeiro e santo”, propõe um diálogo fraterno com elas. Já antes, o Papa Paulo VI na sua encíclica Ecclesiam suam apontou os caminhos necessários no processo da renovação da Igreja: a consciência, a renovação e o diálogo.

O diálogo com outras religiões está presente de uma ou de outra forma noutros documentos conciliares como sejam: a Constituição Dogmática Lumen gentium; a Constituição Pastoral Gaudium et spes; o Decreto Ad gentes, entre outros.

Os documentos pós-conciliares retomam e desenvolvem esta reflexão da Igreja sobre o diálogo inter-religioso. O documento Diálogo e Missão do Secretariado para os não Cristãos apresenta a atitude da Igreja face aos seguidores de outras religiões, em particular sobre a relação existente entre o diálogo e a missão. Pela sua missão evangelizadora, a Igreja faz-se presente e próxima a todos os povos, obedecendo ao mandamento de Cristo e movendo-se pela graça e pela caridade do Espírito Santo. A Encíclica Redemptoris missio, por sua vez, abre uma expectativa para a percepção do diálogo inter-religioso em relação à missão ad gentes. A Igreja tem o dever de anunciar Jesus Cristo a todos os homens: respeitando todas as crenças e todas as sensibilidades, afirma a fé em Cristo. O diálogo inter-religioso é, portanto, parte integrante da missão. O documento Diálogo e Anúncio do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso e da Congregação para a Evangelização dos Povos aprofunda ainda mais este tema: o diálogo inter-religioso e o anúncio estão ligados mas são distintos. O diálogo torna a fé mais profunda, abrindo-a a novas dimensões, ainda que consciente da sua identidade cristã e fornecendo uma compreensão mais clara sobre os elementos distintivos da mensagem cristã. O verdadeiro diálogo inter-religioso supõe o desejo de fazer conhecer melhor, reconhecer e amar Jesus Cristo.

Baseado nestes documentos eclesiais traçam-se os elementos de fundamentação teológica do diálogo inter-religioso. O mistério da encarnação é específico e basilar do cristianismo, tendo, ao mesmo tempo, consequências universais estendidas a toda a humanidade. Em Jesus Cristo Deus faz-se presente na história da humanidade a fim de que todos os homens sejam salvos. No mistério pascal Cristo entregou-se total e voluntariamente à humanidade. A unicidade de Cristo significa, portanto, que o Filho único se oferece a todo o ser humano e partilha com ele a condição filial perante o Pai no Espírito Santo. Diríamos, pois, que o diálogo é a continuação do diálogo salvífico de Deus com a humanidade.

Um passo muito importante para o fundamento teológico do diálogo inter-religioso foi a aceitação de uma presença universal do Espírito de Deus na vida e nas tradições religiosas. É o Espírito que suscita e faz germinar no coração de cada homem as “sementes do Verbo” presentes nas diferentes tradições religiosas. O Espírito Santo actua, segundo o desígnio do amor de Deus, no íntimo de cada homem mesmo para além dos limites visíveis da Igreja; torna o homem capaz de dialogar com os outros. A presença universal do mistério de salvação em Jesus Cristo e a acção do seu Espírito implicam a acção universal do Reino de Deus no mundo. Os seguidores de outras tradições religiosas participam da realidade do Reino de Deus no mundo e na história, na medida em que se encontram abertos à acção do Espírito Santo. A Igreja está cada vez mais consciente de que não é limitado por esta o Reino de Deus. Isto leva-a a um diálogo com todos.

No último capítulo apresentam-se realidades e desafios socioreligiosos da Indonésia em que se verifica a actualidade do diálogo na missão da Igreja. A Igreja da Indonésia, como as Igrejas asiáticas, possui características próprias que lhe confere um especial valor: a sua experiência imediata de pluralidade e de convivência inter-religiosa vividas a partir de dentro. A Igreja constitui aqui uma minoria numa amálgama de religiões e culturas, fazendo com que os cristãos sintam no seu dia-a-dia a experiência religiosa do confronto com as de outras tradições religiosas. Estas condições despertam constantemente a Igreja no diálogo, sobretudo no testemunho autêntico da sua fé através dos exemplos concretos vividos quotidianamente. Ajuda humanitária a seguir às catástrofes naturais, serviço de caridade, inter-ajuda em diversas actividades ligadas à religião, convivência fraterna nas grandes celebrações religiosas são alguns exemplos deste diálogo.

A convivência familiar e social contribuem para maior tolerância e respeito mútuos no que concerne à prática religiosa de cada um. O diálogo com os irmãos de outras religiões torna-se o modo de estar e de ser da Igreja na Indonésia e tarefa quotidiana e profética de cada cristão. Há que respeitar as diferenças como possibilidade de uma riqueza de todos e de cada um. O diálogo, por isso, é um instrumento ao serviço da humanidade, isto porque procura valorizar o que é verdadeiramente riqueza cultural e religiosa de todos os povos e religiões, convergindo para o bem de todos. A liberdade religiosa, o fundamentalismo religioso e os conflitos étnico-religiosos constituem igualmente desafios para o diálogo.

Concluindo, o diálogo inter-religioso é de extrema importância para a missão da Igreja. A Igreja é constantemente interpelada a responder, cada vez com mais eficácia, às exigências da convivência num universo plural. Há muito que caminhar neste diálogo. Os desafios não faltam para um diálogo intenso e autêntico. É evidente que este trabalho não representa uma análise da realidade social e religiosa da Indonésia na sua totalidade, nem descreve ao pormenor a missão da Igreja neste país no que concerne ao diálogo inter-religioso. Fica este modesto contributo para uma melhor percepção das realidades socioculturais e socioreligosas da Indonésia e sobre a importância do diálogo inter-religioso na missão da Igreja neste país.
Catalogus: http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?session=R2S94962247T9.70928&menu=search&aspect=subtab11&npp=20&ipp=20&spp=20&profile=bn&ri=&term=felicianus+kanisius+sila&index=.GW&aspect=subtab11#focus

24 de fevereiro de 2008

Jesus Cristo Superstar

www.jesuscristosuperstar.pt


Spektakular! Pertunjukkan teater Jesus Cristo Superstar gubahan Filipe La Féria, karya asli dari filmnya Tim Rice dan Andrew Lloyd Webber sementara berlangsung di Teatro Politeama, Lisabon. Teater musikal diperankan secara menakjubkan oleh para aktor dan artis dengan tingkat peran yang luar biasa. Semalam bersama sekelompok kenalan kami menyaksikan pertunjukkan ini. Luar biasa.

Surat dari Rantau

Cerita saya dari negeri seberang. Baca di sini.

22 de fevereiro de 2008

Mosaico

No interior da minha casa, Senhor
formaste um mosaico perfeito
feito de peças tortas do meu caminhar.
Vejo nele o reflexo
dum espelho de vida
mas sobresai sempre o teu rosto
formado por tantos rostos conhecidos
num perfeito mosaico de Amor.


15 de fevereiro de 2008

Segundo Domingo da Quaresma




Ambientação

No Domingo passado dialogámos sobre os nossos desertos e as dificuldades que experimentamos no seguimento pessoal e comunitário de Jesus. Também não foi fácil para os primeiros discípulos entender que o seu Mestre ia a caminho de Jerusalém e que morreria na cruz. Neste contexto, Jesus anima-os a manterem-se fiéis no seu seguimento e mostra-lhes a luz da transfiguração, sinal da sua ressurreição.

A PALAVRA DE HOJE:


Génesis 12, 1-4a; Timóteo 1, 8b-10; Mateus 17, 1-9

Meditação - Génesis 12, 1-4a

Depois da aliança que Deus estabeleceu com Noé, em que Deus jurou fidelidade ao que criou (cf Gen 9), os homens continuam inclinados para o mal (cf. Gen 11). Mas Deus continua a buscar a comunhão com os homens: à dispersão de Babel segue a vocação de Abraão, chamado significativamente a romper todo o vínculo social e clânico para poder seguir incondicionalmente os caminhos do Senhor. (Gen 12, 1).


Ao mandato de Deus: “sai da tua terra…” segue-se uma promessa de bênção super abundante: em dois versículos aparece cinco vezes. Tal repetição indica os três âmbitos da acção de Deus em favor de Abraão. O primeiro é a promessa de uma posteridade humana impossível (Gen 11, 30), acompanhada de um nome imposto por Deus (como contraposição a Gen 11, 4). O segundo âmbito, manifestado no v. 3 a, amplia o horizonte a todos os que reconheçam e acolham a história de salvação que Deus inaugura a partir de Abraão: converter-se-ão em filhos da promessa. Pelo contrário, quem pretenda ser obstáculo não conseguirá o seu intento (cf. Num 22 – 24). No v. 3b o horizonte universaliza-se: o terceiro âmbito da acção benéfica de Deus é a inclusão de todas as raças da terra na história de salvação.Em Cristo, a promessa de Deus dilatou-se a todas as gentes (cf. Gal 3, 15-18) até à plenitude no Reino de Deus. Ao mandamento de Deus segue-se a obediência de Abraão, deixando que Deus disponha de si e do seu destino. Confiando nele pôs-se a caminho de outra terra, como lhe tinha dito o Senhor. Nesta marcha, não só Israel, mas todos “os filhos da promessa”, reconhecem o modelo das sucessivas saídas que o Senhor pedirá aos seus: o Êxodo, o regresso de Babilónia; no Novo Testamento o êxodo do próprio Jesus (morte e ressurreição) e o consequente seguimento dos discípulos no caminho de Jesus.


Meditação - Mateus 17, 1-9

No texto de Mateus, a narração da transfiguração começa com uma indicação cronológica “seis dias depois”. Esta cronologia mostra a ligação com o texto profissão de fé de Pedro, com o primeiro anúncio da paixão e com a declaração de que para ser discípulos é necessário segui-lo pelo caminho da cruz. No alto do monte, Jesus mostra-lhes o seu aspecto divino “mudando de aspecto” v.2. Mateus insiste particularmente na luz e no fulgor que emanam dele, evocando a figura do Filho do homem de Dan 10 e a narração da manifestação de Javé no cimo do monte Sinai (Ex 34, 29-33)As contínuas alusões às teofanias do Antigo Testamento (Ex 19, 16; 24, 3; 1 Re 19, 11) indicam que se está a passar algo extremamente importante: em Jesus, a antiga aliança vai transformar-se em “nova e eterna aliança”. A aparição de Moisés e Elias testemunha que Jesus é o cumprimento da Lei e dos profetas; é Ele que guiará o povo à verdadeira terra prometida - vida eterna no amor - e à integridade da fé em Deus.


A intervenção de Pedro (v.4) indica o contexto litúrgico da festa dos tabernáculos, a mais alegre e resplandecente de luzes, que comemorava o tempo do êxodo, quando Deus baixava ao meio do seu povo morando também numa tenda, a tenda do encontro. A nuvem da presença (skekinah), que agora desce e envolve os presentes, actualiza e leva à plenitude a liturgia: como declara a voz que se ouve do céu. Jesus é o profeta maior preanunciado pelo próprio Moisés (Dt 18, 15) e é-o por ser o Filho predilecto de Deus. A ordem é “escutai-O” (v.5)


Face esta manifestação extraordinária de glória, um grande temor se apodera dos discípulos. Jesus reanima-os com os seus gestos e a sua palavra (v.7), como o Filho do homem da visão de Daniel. Torna-se mais desconcertante e incompreensível para os discípulos o que Jesus já só, lhes diz: “não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do homem ressuscite dos mortos”.A liturgia de hoje pede-nos para entrar pelo caminho estreito e difícil; o caminho da fé obediente que exigiu a Abraão umas rupturas concretas e dirigir-se a metas desconhecidas. É o caminho da difícil perseverança que exige a Timóteo vencer o desalento e uma generosidade renovada do dom de si (2ª leitura). É o caminho do sofrimento e da morte que Jesus percorre, plenamente consciente, preparando os seus discípulos para que também o afrontem com fortaleza. Sem dúvida, é o único caminho que conduz à verdadeira vida, à glória autêntica, à luz sem ocaso.


Desde já nos é concedido a graça de antegozar um pouco o esplendor da transfiguração para prosseguir o caminho com entusiasmo. A promessa de bênção divina cobriu de esperança a vida de Abraão; a força de Deus ajuda Timóteo a obter a graça de Cristo para difundir o evangelho com entusiasmo; a visão de Cristo transfigurado dá lembrança de luz aos discípulos na hora da ignomínia e da cruz.


O sofrimento é fiel companheiro no caminho da vida, mas na prova não estamos sós: Jesus está a nosso lado com “varão de dores que conhece bem o que é sofrer”, como o primeiro que levou o peso da cruz. Isto basta para mantermo-nos confiantes que o seu poder se manifesta plenamente na nossa debilidade; nos injecta ânimo para assumir estas opções no caminho até à Páscoa e para dar testemunho da ressurreição.


Perguntas para reflexão

- Que relação tem este texto da transfiguração com a etapa crítica na vida de Jesus (crise da Galileia!) e da fé dos discípulos? (cf. Mt 16, 13ss; Mt 14,22-33;Mc 10, 32).

- Tenta descobrir quais foram na tua vida os momentos de luz, os momentos de transfiguração. Quando vistes outras pessoas com quem vives transfiguradas, bonitas, atraentes?

- Onde encontramos hoje a Cristo transfigurado, ressuscitado e que nos transfigura?

- Esta passagem da Transfiguração que motivos te dá para viveres com alegria e esperança este tempo da Quaresma? A que compromisso te leva?


A Palavra converte-se em oração

Senhor Jesus,

que antes da Paixão mostrastes aos teus discípulos,

o teu rosto glorioso,

a fim de que não desfaleçam na hora da grande prova,

convida-nos também a nós a subir contigo ao monte.

No meio do silêncio e do recolhimento,

faz que sintamos ressoar no nosso coração a tua Palavra,

que é luz para os nossos passos e apoio para enfrentar,

com uma fé sempre renovada,

o caminho quotidiano da vida neste vale de lágrimas.

Agradecemos-te pelos momentos de luz e transfiguração

que experimentámos na nossa vida

e nos animam a continuar apesar das dificuldades.

E, enquanto solícitos,

avançamos na nossa peregrinação terrena até à casa do Pai,

te pedimos, humildemente,

pelos nossos irmãos mais pobres e sofredores,

pelos nossos companheiros de viagem

mais duramente provados e tentados pelo desfalecimento,

que recebam desde já a graça

de verem transfiguradas as suas dores

naquela luz gloriosa que marca

a passagem da cruz à glória da ressurreição.

www.verbodivino.pt

9 de fevereiro de 2008


Jiwaku bermadah
memuji Dia yang Ilahi
sambil kunyanyikan kidung sukacita
memazmurkan kemuliaanNya yang kekal.



8 de fevereiro de 2008

Primeiro Domingo da Quaresma




Ambientação

No primeiro Domingo da Quaresma lemos o relato das tentações de Jesus segundo o Evangelho de S. Mateus, que nos convida a centrar-nos no que significaram as tentações na vida de Jesus e o que significam para nós, seus seguidores.

A Palavra de hoje:

Génesis 2, 7-9; 3,1-7 - Romanos 5, 12-19 - Mateus 4, 1-11

Meditação - Génesis 2, 7-9; 3,1-7

O plano de Deus e o problema do mal constituem, em síntese, os temas propostas pela liturgia neste texto. Da terra (adamah), da matéria, Deus forma o homem (adam) e insufla nele a sua própria respiração e o homem torna-se um ser vivente. Rodeia-o de bem e de beleza (v. 9), coloca-o num ambiente preparado com esmero e confia-lhe uma tarefa, uma missão: cultivar e guardar o jardim (a Terra) (v.15). Dá-lhe ampla liberdade para determinar e transformar a realidade que o rodeia mediante o trabalho e a autoridade pessoal (vv.9s). Decidir o que é bem ou o que é mal não é da competência do homem. Para discernir isso deve escutar a Deus. O pecado é desobediência à voz de Deus.

A árvore do conhecimento do bem e do mal é a própria consciência onde Deus fala. Na consciência nós não mandamos, obedecemos. O texto bíblico diz-nos que o mal também vem por uma influência externa que induz a uma opção errónea. O termo para indicar a serpente significa também adivinhação, os cultos idolátricos e de fertilidade, com o que o símbolo da serpente tinha muito que ver e que não deixavam de atrair Israel. No texto, a serpente trata da ordem de Deus (não comerás) como se fosse uma mentira. (v.4ss). Esta narração está a responder a uma pergunta fundamental da humanidade: se Deus é bom e fez tudo bem porque é que existe tanto mal neste mundo? O paradoxo está no facto de que, quando o homem não aceita Deus como o seu Criador e desobedece, traz o mal ao mundo e descobre a sua nudez, com outras palavras, que não é nada, que não tem nada que não lhe tivesse sido dado.Meditação - Mateus 4, 1-11Jesus, proclamado pelo Pai, Filho no qual tem toda a sua alegria, logo a seguir ao baptismo é conduzido “pelo Espírito” ao deserto onde vai ser tentado pelo diabo.

Jesus, que veio para recapitular toda a humanidade, deu total adesão à vontade do Pai. Adão e Eva e o povo de Israel não o fizeram. Jesus, no episódio das tentações, é submetido às mesmas tentações do povo do Êxodo, como indicam as citações do Deuteronómio com as quais responde a Satanás (Dt 8, 3; 6, 16; 6, 13). Mas onde Israel falhou, Jesus vence.

A manha diabólica começa por apresentar a Jesus as esperanças messiânicas e pedindo-lhe que demonstre se é verdade que é Filho de Deus como tinha afirmado a voz vinda do céu (cf. Mt 3, 17). À proposta de um messianismo que satisfaça com facilidade as necessidades materiais do homem, Jesus responde: “nem só de pão vive o homem mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. À imagem de uma missão milagreira e espectacular que o diabo lhe propõe, Jesus opõe uma submissão incondicional aos desígnios de Deus (vv.5-7). À tentação do êxito segue finalmente a do domínio – converter-se em senhor da terra, ceder à idolatria do poder –, mas o caminho messiânico que Cristo intuiu no deserto é muito diferente. Com a autoridade que lhe vem da sua dedicação plena a Deus, Ele, o perfeito adorador do Pai, vence as tentações.

Mateus apresenta-nos Jesus não só como o verdadeiro Israel, mas também como o novo Moisés, ao citar o jejum de quarenta dias e quarenta noites, e ao mencionar o “monte altíssimo” onde o diabo lhe mostra todos os reinos da terra, aludindo a Dt 34, 1-4. Estes quarenta dias no deserto preparam Jesus para que assuma a condução do novo povo de Deus, a quem Ele oferece a nova Lei no sermão da montanha (cf. Mt 5 – 7).

Perguntas para reflexão

- Quem conduz Jesus ao deserto?- Recordas outras passagens da Bíblia em que se fale do deserto? (Podes ler Dt 8, 2-3; Os 2, 16).

- Jesus supera as tentações. Imediatamente depois, o que é que Ele anuncia? A que é que convida? (cf. Mt 4, 17-19)

- As tentações de Jesus no deserto parecem-se às que as nossas comunidades cristãs têm que enfrentar hoje? Quais são elas? Como podemos vencê-las aprendendo de Jesus?

A Palavra converte-se em oração

Rezemos juntos o Salmo 51 (50):T

em compaixão de mim, ó Deus, pela tua bondade;

pela tua grande misericórdia, apaga o meu pecado.

Lava-me de toda a iniquidade;

purifica-me dos meus delitos.

Reconheço as minhas culpase tenho sempre diante de mim os meus pecados.


Contra ti pequei, só contra ti,

fiz o mal diante dos teus olhos;

por isso é justa a tua sentençae recto o teu julgamento.

Eis que nasci na culpae a minha mãe concebeu-me em pecado.

Tu aprecias a verdade no íntimo do sere ensinas-me a sabedoria no íntimo da alma.


Purifica-me com o hissope e ficarei puro,

lava-me e ficarei mais branco do que a neve.

Faz-me ouvir palavras de gozo e alegria

e exultem estes ossos que trituraste.

Desvia o teu rosto dos meus pecadose apaga todas as minhas culpas.
Cria em mim, ó Deus, um coração puro;

renova e dá firmeza ao meu espírito.

Não me afastes da tua presença,nem me prives do teu santo espírito!

Dá-me de novo a alegria da tua salvaçãoe sustenta-me com um espírito generoso.

Então ensinarei aos transgressores os teus caminhose os pecadores hão-de voltar para ti.
Ó Deus, meu salvador, livra-me do crime de sangue,e a minha língua anunciará a tua justiça.

Abre, Senhor, os meus lábios,para que a minha boca possa anunciar o teu louvor.

Não te comprazes nos sacrifícios

nem te agrada qualquer holocausto que eu te ofereça.

O sacrifício agradável a Deus é o espírito contrito;

ó Deus, não desprezes um coração contrito e arrependido.

Pela tua bondade, trata bem a Sião;

reconstrói os muros de Jerusalém.

Então aceitarás com agrado os sacrifícios devidos,

os holocaustos e as ofertas;

então serão oferecidos novilhos no teu altar.

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6 de fevereiro de 2008

Mensagem do Papa para a Quaresma 2008




MENSAGEM DE SUA SANTIDADE O PAPA BENTO XVI

PARA A QUARESMA DE 2008


«Cristo fez-Se pobre por vós» (cf. 2 Cor 8, 9)


Queridos irmãos e irmãs!


1. Todos os anos, a Quaresma oferece-nos uma providencial ocasião para aprofundar o sentido e o valor do nosso ser de cristãos, e estimula-nos a redescobrir a misericórdia de Deus a fim de nos tornarmos, por nossa vez, mais misericordiosos para com os irmãos. No tempo quaresmal, a Igreja tem o cuidado de propor alguns compromissos específicos que ajudem, concretamente, os fiéis neste processo de renovação interior: tais são a oração, o jejum e a esmola. Este ano, na habitual Mensagem quaresmal, desejo deter-me sobre a prática da esmola, que representa uma forma concreta de socorrer quem se encontra em necessidade e, ao mesmo tempo, uma prática ascética para se libertar da afeição aos bens terrenos. Jesus declara, de maneira peremptória, quão forte é a atracção das riquezas materiais e como deve ser clara a nossa decisão de não as idolatrar, quando afirma: «Não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Lc 16, 13). A esmola ajuda-nos a vencer esta incessante tentação, educando-nos para ir ao encontro das necessidades do próximo e partilhar com os outros aquilo que, por bondade divina, possuímos. Tal é a finalidade das colectas especiais para os pobres, que são promovidas em muitas partes do mundo durante a Quaresma. Desta forma, a purificação interior é corroborada por um gesto de comunhão eclesial, como acontecia já na Igreja primitiva. São Paulo fala disto mesmo quando, nas suas Cartas, se refere à colecta para a comunidade de Jerusalém (cf. 2 Cor 8-9; Rm 15, 25-27).

2. Segundo o ensinamento evangélico, não somos proprietários mas administradores dos bens que possuímos: assim, estes não devem ser considerados propriedade exclusiva, mas meios através dos quais o Senhor chama cada um de nós a fazer-se intermediário da sua providência junto do próximo. Como recorda o Catecismo da Igreja Católica, os bens materiais possuem um valor social, exigido pelo princípio do seu destino universal (cf. n. 2403).
É evidente, no Evangelho, a admoestação que Jesus faz a quem possui e usa só para si as riquezas terrenas. À vista das multidões carentes de tudo, que passam fome, adquirem o tom de forte reprovação estas palavras de São João: «Aquele que tiver bens deste mundo e vir o seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como pode estar nele o amor de Deus?» (1 Jo 3, 17). Entretanto, este apelo à partilha ressoa, com maior eloquência, nos Países cuja população é composta, na sua maioria, por cristãos, porque é ainda mais grave a sua responsabilidade face às multidões que penam na indigência e no abandono. Socorrê-las é um dever de justiça, ainda antes de ser um gesto de caridade.

3. O Evangelho ressalta uma característica típica da esmola cristã: deve ficar escondida. «Que a tua mão esquerda não saiba o que fez a direita», diz Jesus, «a fim de que a tua esmola permaneça em segredo» (Mt 6, 3-4). E, pouco antes, tinha dito que não devemos vangloriar-nos das nossas boas acções, para não corrermos o risco de ficar privados da recompensa celeste (cf. Mt 6, 1-2). A preocupação do discípulo é que tudo seja para a maior glória de Deus. Jesus admoesta: «Brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos Céus» (Mt 5, 16). Portanto, tudo deve ser realizado para glória de Deus, e não nossa. Queridos irmãos e irmãs, que esta consciência acompanhe cada gesto de ajuda ao próximo evitando que se transforme num meio nos pormos em destaque. Se, ao praticarmos uma boa acção, não tivermos como finalidade a glória de Deus e o verdadeiro bem dos irmãos, mas visarmos antes uma compensação de interesse pessoal ou simplesmente de louvor, colocamo-nos fora da lógica evangélica. Na moderna sociedade da imagem, é preciso redobrar de atenção, dado que esta tentação é frequente. A esmola evangélica não é simples filantropia: trata-se antes de uma expressão concreta da caridade, virtude teologal que exige a conversão interior ao amor de Deus e dos irmãos, à imitação de Jesus Cristo, que, ao morrer na cruz, Se entregou totalmente por nós. Como não agradecer a Deus por tantas pessoas que no silêncio, longe dos reflectores da sociedade mediática, realizam com este espírito generosas acções de apoio ao próximo em dificuldade? De pouco serve dar os próprios bens aos outros, se o coração se ensoberbece com isso: tal é o motivo por que não procura um reconhecimento humano para as obras de misericórdia realizadas quem sabe que Deus «vê no segredo» e no segredo recompensará.

4. Convidando-nos a ver a esmola com um olhar mais profundo que transcenda a dimensão meramente material, a Escritura ensina-nos que há mais alegria em dar do que em receber (cf. Act 20, 35). Quando agimos com amor, exprimimos a verdade do nosso ser: de facto, fomos criados a fim de vivermos não para nós próprios, mas para Deus e para os irmãos (cf. 2 Cor 5, 15). Todas as vezes que por amor de Deus partilhamos os nossos bens com o próximo necessitado, experimentamos que a plenitude de vida provém do amor e tudo nos retorna como bênção sob forma de paz, satisfação interior e alegria. O Pai celeste recompensa as nossas esmolas com a sua alegria. Mais ainda: São Pedro cita, entre os frutos espirituais da esmola, o perdão dos pecados. «A caridade – escreve ele – cobre a multidão dos pecados» (1 Pd 4, 8). Como se repete com frequência na liturgia quaresmal, Deus oferece-nos, a nós pecadores, a possibilidade de sermos perdoados. O facto de partilhar com os pobres o que possuímos, predispõe-nos para recebermos tal dom. Penso, neste momento, em quantos experimentam o peso do mal praticado e, por isso mesmo, se sentem longe de Deus, receosos e quase incapazes de recorrer a Ele. A esmola, aproximando-nos dos outros, aproxima-nos de Deus também e pode tornar-se instrumento de autêntica conversão e reconciliação com Ele e com os irmãos.

5. A esmola educa para a generosidade do amor. São José Bento Cottolengo costumava recomendar: «Nunca conteis as moedas que dais, porque eu sempre digo: se ao dar a esmola a mão esquerda não há de saber o que faz a direita, também a direita não deve saber ela mesma o que faz » (Detti e pensieri, Edilibri, n. 201). A este propósito, é muito significativo o episódio evangélico da viúva que, da sua pobreza, lança no tesouro do templo «tudo o que tinha para viver» (Mc 12, 44). A sua pequena e insignificante moeda tornou-se um símbolo eloquente: esta viúva dá a Deus não o supérfluo, não tanto o que tem como sobretudo aquilo que é; entrega-se totalmente a si mesma.
Este episódio comovedor está inserido na descrição dos dias que precedem imediatamente a paixão e morte de Jesus, o Qual, como observa São Paulo, fez-Se pobre para nos enriquecer pela sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9); entregou-Se totalmente por nós. A Quaresma, nomeadamente através da prática da esmola, impele-nos a seguir o seu exemplo. Na sua escola, podemos aprender a fazer da nossa vida um dom total; imitando-O, conseguimos tornar-nos disponíveis para dar não tanto algo do que possuímos, mas darmo-nos a nós próprios. Não se resume porventura todo o Evangelho no único mandamento da caridade? A prática quaresmal da esmola torna-se, portanto, um meio para aprofundar a nossa vocação cristã. Quando se oferece gratuitamente a si mesmo, o cristão testemunha que não é a riqueza material que dita as leis da existência, mas o amor. Deste modo, o que dá valor à esmola é o amor, que inspira formas diversas de doação, segundo as possibilidades e as condições de cada um.

6. Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma convida-nos a «treinar-nos» espiritualmente, nomeadamente através da prática da esmola, para crescermos na caridade e nos pobres reconhecermos o próprio Cristo. Nos Actos dos Apóstolos, conta-se que o apóstolo Pedro disse ao coxo que pedia esmola à porta do templo: «Não tenho ouro nem prata, mas vou dar-te o que tenho: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda» (Act 3, 6). Com a esmola, oferecemos algo de material, sinal do dom maior que podemos oferecer aos outros com o anúncio e o testemunho de Cristo, em cujo nome temos a vida verdadeira. Que este período se caracterize, portanto, por um esforço pessoal e comunitário de adesão a Cristo para sermos testemunhas do seu amor. Maria, Mãe e Serva fiel do Senhor, ajude os crentes a regerem o «combate espiritual» da Quaresma armados com a oração, o jejum e a prática da esmola, para chegarem às celebrações das Festas Pascais renovados no espírito. Com estes votos, de bom grado concedo a todos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 30 de Outubro de 2007.

BENEDICTUS PP. XVI

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MESSAGE OF HIS HOLINESS BENEDICT XVI

FOR LENT 2008

“Christ made Himself poor for you” (2 Cor 8,9)

Dear Brothers and Sisters!


1. Each year, Lent offers us a providential opportunity to deepen the meaning and value of our Christian lives, and it stimulates us to rediscover the mercy of God so that we, in turn, become more merciful toward our brothers and sisters. In the Lenten period, the Church makes it her duty to propose some specific tasks that accompany the faithful concretely in this process of interior renewal: these are prayer, fasting and almsgiving. For this year’s Lenten Message, I wish to spend some time reflecting on the practice of almsgiving, which represents a specific way to assist those in need and, at the same time, an exercise in self-denial to free us from attachment to worldly goods. The force of attraction to material riches and just how categorical our decision must be not to make of them an idol, Jesus confirms in a resolute way: “You cannot serve God and mammon” (Lk 16,13). Almsgiving helps us to overcome this constant temptation, teaching us to respond to our neighbor’s needs and to share with others whatever we possess through divine goodness. This is the aim of the special collections in favor of the poor, which are promoted during Lent in many parts of the world. In this way, inward cleansing is accompanied by a gesture of ecclesial communion, mirroring what already took place in the early Church. In his Letters, Saint Paul speaks of this in regard to the collection for the Jerusalem community (cf. 2 Cor 8-9; Rm 15, 25-27).

2. According to the teaching of the Gospel, we are not owners but rather administrators of the goods we possess: these, then, are not to be considered as our exclusive possession, but means through which the Lord calls each one of us to act as a steward of His providence for our neighbor. As the Catechism of the Catholic Church reminds us, material goods bear a social value, according to the principle of their universal destination (cf. n. 2404)
In the Gospel, Jesus explicitly admonishes the one who possesses and uses earthly riches only for self. In the face of the multitudes, who, lacking everything, suffer hunger, the words of Saint John acquire the tone of a ringing rebuke: “How does God’s love abide in anyone who has the world’s goods and sees a brother or sister in need and yet refuses to help?” (1 Jn 3,17). In those countries whose population is majority Christian, the call to share is even more urgent, since their responsibility toward the many who suffer poverty and abandonment is even greater. To come to their aid is a duty of justice even prior to being an act of charity.

3. The Gospel highlights a typical feature of Christian almsgiving: it must be hidden: “Do not let your left hand know what your right hand is doing,” Jesus asserts, “so that your alms may be done in secret” (Mt 6,3-4). Just a short while before, He said not to boast of one’s own good works so as not to risk being deprived of the heavenly reward (cf. Mt 6,1-2). The disciple is to be concerned with God’s greater glory. Jesus warns: “In this way, let your light shine before others, so that they may see your good works and give glory to your Father in heaven” (Mt 5,16). Everything, then, must be done for God’s glory and not our own. This understanding, dear brothers and sisters, must accompany every gesture of help to our neighbor, avoiding that it becomes a means to make ourselves the center of attention. If, in accomplishing a good deed, we do not have as our goal God’s glory and the real well being of our brothers and sisters, looking rather for a return of personal interest or simply of applause, we place ourselves outside of the Gospel vision. In today’s world of images, attentive vigilance is required, since this temptation is great. Almsgiving, according to the Gospel, is not mere philanthropy: rather it is a concrete expression of charity, a theological virtue that demands interior conversion to love of God and neighbor, in imitation of Jesus Christ, who, dying on the cross, gave His entire self for us. How could we not thank God for the many people who silently, far from the gaze of the media world, fulfill, with this spirit, generous actions in support of one’s neighbor in difficulty? There is little use in giving one’s personal goods to others if it leads to a heart puffed up in vainglory: for this reason, the one, who knows that God “sees in secret” and in secret will reward, does not seek human recognition for works of mercy.

4. In inviting us to consider almsgiving with a more profound gaze that transcends the purely material dimension, Scripture teaches us that there is more joy in giving than in receiving (cf. Acts 20,35). When we do things out of love, we express the truth of our being; indeed, we have been created not for ourselves but for God and our brothers and sisters (cf. 2 Cor 5,15). Every time when, for love of God, we share our goods with our neighbor in need, we discover that the fullness of life comes from love and all is returned to us as a blessing in the form of peace, inner satisfaction and joy. Our Father in heaven rewards our almsgiving with His joy. What is more: Saint Peter includes among the spiritual fruits of almsgiving the forgiveness of sins: “Charity,” he writes, “covers a multitude of sins” (1 Pt 4,8). As the Lenten liturgy frequently repeats, God offers to us sinners the possibility of being forgiven. The fact of sharing with the poor what we possess disposes us to receive such a gift. In this moment, my thought turns to those who realize the weight of the evil they have committed and, precisely for this reason, feel far from God, fearful and almost incapable of turning to Him. By drawing close to others through almsgiving, we draw close to God; it can become an instrument for authentic conversion and reconciliation with Him and our brothers.

5. Almsgiving teaches us the generosity of love. Saint Joseph Benedict Cottolengo forthrightly recommends: “Never keep an account of the coins you give, since this is what I always say: if, in giving alms, the left hand is not to know what the right hand is doing, then the right hand, too, should not know what it does itself” (Detti e pensieri, Edilibri, n. 201). In this regard, all the more significant is the Gospel story of the widow who, out of her poverty, cast into the Temple treasury “all she had to live on” (Mk 12,44). Her tiny and insignificant coin becomes an eloquent symbol: this widow gives to God not out of her abundance, not so much what she has, but what she is. Her entire self.
We find this moving passage inserted in the description of the days that immediately precede Jesus’ passion and death, who, as Saint Paul writes, made Himself poor to enrich us out of His poverty (cf. 2 Cor 8,9); He gave His entire self for us. Lent, also through the practice of almsgiving, inspires us to follow His example. In His school, we can learn to make of our lives a total gift; imitating Him, we are able to make ourselves available, not so much in giving a part of what we possess, but our very selves. Cannot the entire Gospel be summarized perhaps in the one commandment of love? The Lenten practice of almsgiving thus becomes a means to deepen our Christian vocation. In gratuitously offering himself, the Christian bears witness that it is love and not material richness that determines the laws of his existence. Love, then, gives almsgiving its value; it inspires various forms of giving, according to the possibilities and conditions of each person.

6. Dear brothers and sisters, Lent invites us to “train ourselves” spiritually, also through the practice of almsgiving, in order to grow in charity and recognize in the poor Christ Himself. In the Acts of the Apostles, we read that the Apostle Peter said to the cripple who was begging alms at the Temple gate: “I have no silver or gold, but what I have I give you; in the name of Jesus Christ the Nazarene, walk” (Acts 3,6). In giving alms, we offer something material, a sign of the greater gift that we can impart to others through the announcement and witness of Christ, in whose name is found true life. Let this time, then, be marked by a personal and community effort of attachment to Christ in order that we may be witnesses of His love. May Mary, Mother and faithful Servant of the Lord, help believers to enter the “spiritual battle” of Lent, armed with prayer, fasting and the practice of almsgiving, so as to arrive at the celebration of the Easter Feasts, renewed in spirit. With these wishes, I willingly impart to all my Apostolic Blessing.


From the Vatican, 30 October 2007

BENEDICTUS PP. XVI

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5 de fevereiro de 2008

QUARESMA: CAMINHO PARA A VIDA

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QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Ambientação

A bênção e a imposição das cinzas são uma prática penitencial muito antiga. Nos primeiros séculos da Igreja os cristãos que haviam prejudicado a comunidade cristã com escândalos públicos, expiavam-nos durante a Quaresma. No começo deste tempo litúrgico recebiam as cinzas sobre as suas cabeças em sinal de humildade, e, a seguir, eram acompanhados à porta da Igreja. Até 5ª Feira-Santa não participavam nas assembleias da comunidade, mas permaneciam no átrio em sinal de penitência.Hoje, em que tudo se permite e tudo se procura contestar, não só se está a perder a consciência do pecado como também a própria realidade dramática do pecado. Ao ouvirmos a palavra de Deus “lembra-te que és pó” (terra) é hora de defendermos a Terra que está a ser destruída pela ganância do lucro. Na Quaresma orientemo-nos pela conversão – escutar Deus, e pela solidariedade – ajudar os necessitados. Jejum, hoje, é renunciar para mais partilhar.

A Palavra de hoje:

Joel 2, 12-18; Coríntios 5, 20-6, 2; Mateus 6, 1-6. 16-18

Meditação: Joel 2, 12-18

A mensagem do profeta Joel foi pronunciada provavelmente depois do desterro, no templo de Jerusalém. Uma praga de gafanhotos devastou os campos, provocando carestia de bens e fome (1, 2 – 2, 10). Como consequência, cessou o culto dos sacrifícios no templo (1, 13-16). O profeta lê os sinais dos tempos e por isso anuncia a proximidade do dia do Senhor, convidando todo o povo ao jejum, à oração, à penitência (2, 12.15.-17a).

A palavra-chave deste texto, repetida três vezes nos primeiros versículos é voltar (shûb em Hebraico) verbo clássico da conversão. O v. 12 apresenta ao povo o convite, à conversão. Sem a renovação interior e a mudança do coração os ritos litúrgicos não agradam a Deus. No v. 13, o convite à conversão aparece de novo e a motivação é porque o Senhor é sempre misericordioso. No v. 14 o mesmo verbo se refere a Deus abrindo uma porta à esperança: “perdoará uma vez mais”. A conversão expressa-se num amor sincero a Deus, numa fé mais sólida, e numa esperança que se faz oração comunitária e penitente. Tendo estas disposições, o profeta e os sacerdotes poderão pedir ao Senhor que se mostre zeloso com a sua terra, compassivo com a sua herança (vv.17s).

Meditação - Mateus 6, 1-6.16-18

Tende cuidado que a vossa justiça não seja como a dos fariseus (v.1). Jesus pede aos seus discípulos uma justiça superior à dos escribas e fariseus (cf. Mt 5, 20). Mesmo que as práticas exteriores sejam as mesmas, Jesus reclama a vigilância sobre as intenções que nos movem a actuar.
O evangelho repete primeiro as três obras típicas da piedade judaica: a esmola (6, 2-4); a oração (6, 5-15) e o jejum (6, 16-18). A novidade de Jesus é esta: essas obras não valem de nada se forem feitas para vanglória e a própria recompensa. O valor delas consiste em fazê-las diante do Pai que vê no segredo. Jesus completa a tradição ensinando-nos o Pai-nosso e ressaltando como é indispensável o perdão …”mas se não perdoardes aos homens também o vosso Pai não perdoará os vossos delitos” (Mt 6, 15).

Penitência e arrependimento não são sinónimos de abatimento, tristeza ou frustração; pelo contrário, constituem uma modalidade de abertura à luz que pode dissipar as obscuridades interiores, tornar-nos conscientes de nós mesmos na verdade e fazer-nos experimentar a misericórdia de Deus. Quem vive na presença de Deus, é livre.

Aquele que nos envolve com amor total liberta-nos do nosso mal e reveste-nos de uma inocência nova.O Senhor tinha confiado ao profeta a missão de convocar o povo para suscitar uma nova esperança através de um caminho penitencial; aos apóstolos confia-lhes o ministério da reconciliação; à Igreja hoje, encarrega-a de proclamar que agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação! Renovados pelo amor aprenderemos a viver sob o olhar do Pai, contentes de poder cumprir humildemente o que lhe agrada e ajudar os nossos irmãos. A sua presença no segredo do nosso coração será a verdadeira alegria, a única recompensa esperada e de que temos já um antegosto.

Perguntas para reflexão

- Que significado tem para nós, hoje, o jejum, a oração, a esmola?

- Com que atitudes devemos iniciar e viver o tempo da Quaresma?

A Palavra converte-se em oração

Meu Pai, Tu que vês no escondido, sabes como fujo do mais íntimo de mim mesmo e como busco a admiração dos homens.

Ó pobre recompensa do orgulho do meu “eu” que representa o seu papel na comédia humana!

Muito distinto, muito mais desconcertante é o mistério da tua piedade, mas como ainda o ignoro, vou vagueando longe de Ti.

Faz-me voltar, te suplico, à profundidade do meu ser onde tu moras.

Na luz nova do arrependimento exultarei de alegria na tua presença.

Pai nosso, que estás nos céus, tu conheces o mal do mundo e como eu para ele, cada dia, contribuo com o meu egoísmo e desobediência à tua Palavra.

Ajuda-me hoje a acolher o dia da salvação; concede-me agora a graça de olhar para o teu Filho, tratado como pecador e crucificado por nós, por mim.

Reconciliado por Ele, Amor infinito, viverei no amor humilde que não busca outra recompensa além de Ti.

SVD Portugal (www.verbodivino.pt)

3 de fevereiro de 2008


O Teu rosto... os nossos rostos
Os nossos rostos... o Teu rosto



2 de fevereiro de 2008

Berjalan

Berjalan,
sementara asa terus mencari
tempat sandar harapan
pada Dia yang adanya Kekal.

Berjalan,
terus dalam hidup
menatap matahari kehidupan
pada empunya hidup itu sendiri.

Berjalan dan teruslah berjalan
di sana ada harapan.